Texto extraído do Discurso de Posse de Maira Kelling (2006)
“É com imenso orgulho que escolhi como minha patronesse, a cadeira de número 15 da Professora Delminda Silveira de Sousa que lecionou com muita dedicação. Fez do ato de ensinar uma doação com prazer.
Delminda Silveira de Sousa nasceu na localidade da Prainha na antiga Desterro, em 16 de outubro de 1854. Filha de José Silveira de Sousa e de Caetana Xavier Pacheco Silveira, tradicional família do Desterro, era sobrinha do jurista e político de renome nacional, Conselheiro João Silveira de Sousa.
Professora e escritora de destaque na história da literatura de Santa Catarina escreveu poesias e crônicas. Foi assídua colaboradora de A Mensageira, onde publicou muitos poemas sob o pseudônimo Brasília Silva. O fato de ter colaborado intensamente com uma revista feminista mostra que, apesar de sua ideologia conservadora, ela não escapou ao espírito do tempo e também refletiu sobre uma das questões mais candentes do século que se iniciava: a mulher e seus direitos.
Publicou dois livros: Lises e martírios (1908), o qual reúne poemas, crônicas e pequenos contos. É um livro voltado aos sentimentos de amor, saudade e dores íntimas, sendo este a publicação mais importante de Delminda. E Cancioneiro (1914), uma coleção de hinos e poesias comemorativas das principais datas nacionais. Deixou uma obra inacabada, que foi patrocinada pela Editora da UFSC e teve sua introdução assinada por Lauro Junkes. Indeléveis versos, que circula desde 1989, em edição póstuma, todo voltado para o religioso, uma via-sacra em versos.
Delminda permaneceu solteira e lecionou até idade avançada, com muita dedicação, destacando-se entre suas alunas a figura expressiva de Antonieta de Barros.
Integrou como fundadora, a Academia Catarinense de Letras aos 77 anos, na qual ocupou a cadeira de número 10.
Faleceu na tarde de 12 de março de 1932, aos 78 anos, em sua residência, no exato sábado em que acontecia a tradicional procissão de transladação da imagem do Senhor dos Passos, da igreja do Menino Deus para a Catedral. Delminda Silveira de Sousa dedicou sua vida a ser professora até seus últimos dias, sempre muito dedicada e prestativa a este ofício”.