Maria de Lourdes Cardoso Mallmann
- Cadeira 02
- Posição 01
Biografia
Maria de Lourdes Cardoso Mallmann, carinhosamente conhecida como Mariazinha, nasceu em 12 de janeiro de 1939, em Santa Rosa (RS), filha de Clotilde Assumpção Cardoso e Vicente Theodomiro Cardoso. Desde a infância, demonstrava sensibilidade e talento para a escrita. Era a sexta de sete irmãos e encontrava na biblioteca do pai um refúgio onde suas primeiras redações ganhavam forma. Ainda jovem, percebeu que a palavra escrita era seu meio de expressão mais poderoso.
Educadora por vocação, formou-se no Magistério no Colégio Santa Rosa de Lima e, após conquistar o diploma, dedicou-se à alfabetização de crianças, atuando como professora e, mais tarde, como diretora escolar. Mas não parou por aí: com uma paixão latente pela arte e pelo movimento, tornou-se professora de dança em 1977, promovendo, com entusiasmo, a cultura e a tradição por meio de projetos folclóricos — entre eles, um grupo premiado na Expointer, no Rio Grande do Sul.
Ao lado de seu grande amor, Alceu Ambros Mallmann, com quem se casou aos 18 anos, construiu uma sólida família composta por sete filhos, além de genros, noras e netos, que sempre foram seu maior tesouro. Mesmo com os desafios da maternidade, jamais se afastou dos estudos nem da literatura. Graduou-se em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco (1983) e concluiu o curso de Relações Humanas na PUC-RS (1985). Em 2003, sua monografia “A dança e seus efeitos no desenvolvimento das inteligências múltiplas da criança” foi premiada na pós-graduação em Psicopedagogia.
Apaixonada por educação e cultura, Mariazinha mudou-se para Itapema (SC) como prova de amor à família e ao convívio com os que amava. Logo, sua inquietude criativa a levou a idealizar um projeto de danças folclóricas que envolveu cerca de mil crianças da rede pública municipal, promovendo o estudo de 21 etnias e suas respectivas manifestações culturais. Na rede particular, incentivou as artes plásticas e a literatura desde a educação infantil, valorizando autores como Van Gogh e Tarsila do Amaral, além de elementos do folclore catarinense, como o Boi de Mamão.
Sua vida sempre foi entrelaçada à escrita — uma válvula de escape e forma de registrar alegrias, dores e esperanças. Foi autora de Tardes de Chuva (poesias), Estigma (romance, lançado na Feira do Livro de Porto Alegre em 1993) e Versos que Vêm do Mar (Itapema, 2005), além de ter integrado a coletânea nacional Mulher Poeta. Foi agraciada com o Prêmio Maricota, como destaque feminino da literatura catarinense, e, em 2007, preparava novos trabalhos, entre peças teatrais e contos infantis.
Seu processo criativo era espontâneo: bastava um sentimento, uma memória ou um olhar no caderno do criado-mudo para que surgissem contos ou poemas. Dizia que escrevia melhor nos momentos difíceis, guiada pela inspiração que, segundo ela, vinha de Deus e da lembrança viva de seu pai.
Em 2002, foi eleita a primeira mulher presidente da Academia Itapemense de Letras, entidade da qual foi uma das fundadoras. Escolheu como patrono o poeta simbolista João da Cruz e Sousa, com quem se identificava por compartilhar a poesia como catarse emocional. Sob sua liderança, a Academia fortaleceu seu papel cultural e literário na cidade.
Maria de Lourdes Cardoso Mallmann faleceu em 26 de dezembro de 2011, deixando um legado inestimável de amor à literatura, à educação e à cultura popular. Sua vida é exemplo de delicadeza, força e generosidade — uma mulher que, mesmo nos desafios, manteve viva a chama da criatividade e do serviço ao outro.
- 12/01/1939
- Santa Rosa (RS)
- 01/09/2000
- 26/12/2011